quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Pálido Ponto Azul (XIII)



No verão de 1977, as naves espaciais Voyager 1 e Voyager 2 tinham sido lançadas para o espaço, tendo como principal missão ultrapassar o nosso sistema solar. Cada uma delas estava equipada com um sistema Áudio que produzia sons, ou músicas de toda a parte do mundo, assim como as primeiras palavras de uma mãe para o seu recém nascido, e a famosa saudação em mais de 59 dialécticos diferentes. Desenhado de forma a "tocar" por milénios, com o propósito de algum dia poder ser capturada....

Carl Sagan pediu à NASA para quando a nave (Voyager 1)atingisse os limítrofes da via láctea que tirasse uma foto do nosso sistema solar.
A NASA concedeu o pedido e a 14 de Fevereiro de 1990 rodou a câmara de modo a fotografar a terra. Entre esse período e 6 Junho de 1990, várias imagens chegaram ao centro da NASA onde se incluía uma, mostrando a terra do tamanho de um pixel...azul. Creio que ainda detêm o recorde da fotografia mais distante alguma vez tirada sobre a terra.
Carl Sagan publica o livro pálido ponto azul, baseando-se nesta fotografia e numa conferência a 11 de maio de 1996 (morreu em Dezembro desse ano) descreve a foto da seguinte forma...



Fotografia tirada a cerca de 6.1 biliões de quilómetros!!!
"Olhem de novo para o ponto. É ali. É a nossa casa. Somos nós. Nele, todos aqueles que amamos, que conhecemos, de quem já ouvimos falar, todos os seres humanos que já existiram, vivem ou viveram as suas vidas. Toda a nossa mistura de alegria e sofrimento, todas as inúmeras religiões, ideologias e doutrinas económicas, todos os caçadores e saqueadores, heróis e covardes, criadores e destruidores de civilizações, Reis e camponeses, jovens casais apaixonados, pais e mães, todas as crianças, todos os inventores e exploradores, professores de moral, políticos corruptos, "super astros", "líderes supremos", todos os santos e pecadores da história de nossa espécie, ali, num grão de poeira suspenso num raio de sol. A Terra é um palco muito pequeno na imensa arena cósmica.

Pensem nos rios de sangue derramados por todos os generais e imperadores para que, na glória do triunfo, pudessem serem senhores momentâneos de uma fracção desse ponto. Pensem nas crueldades infinitas cometidas pelos habitantes de um canto desse pixel contra os habitantes mal distinguíveis de algum outro canto, com os seus frequentes conflitos, na ânsia de recíproca destruição, nos seus ódios ardentes.
As nossas atitudes, a nossa pretensa importância de que temos uma posição privilegiada no Universo, tudo isso é posto em dúvida por esse ponto de luz pálida. O nosso planeta é um pontinho solitário na grande escuridão cósmica circundante.  Na nossa obscuridade, em toda essa vastidão, não há indícios de que vá chegar ajuda de um outro mundo para nos salvar de nós próprios.

A Terra é o único mundo conhecido, até hoje, que alberga a vida. Não há mais algum, pelo menos num futuro próximo, para onde a nossa espécie possa emigrar. Visitar?? sim. Viver, ainda não. Gostemos ou não, por enquanto, a Terra é onde temos de ficar.
Têm-se falado da astronomia como uma experiência criadora de firmeza e humildade. Não há, talvez, melhor demonstração das tolas e vãs soberbas humanas do que esta distante imagem do nosso miúdo mundo. Para mim, acentua a nossa responsabilidade para portarmo-nos mais amavelmente uns com os outros, e para protegermos e acarinharmos o ponto azul pálido, o único lar que conhecemos."

Carl Sagan


http://en.wikipedia.org/wiki/File:PaleBlueDot.jpg

A maioria da tradução foi encontrada no Wikipédia, apenas fiz uns remendos....

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